Otaku Life: Kagura

Kagura (em japonês 神楽) é uma forma de teatro e dança característica do xintoísmo e que se realiza em cerimónias e festas importantes.

A origem de Kagura remonta ao Kojiki e ao Nihongi, os livros de compilação dos mitos xintoístas. Nesses textos, conta-se que Amaterasu, a Kami do Sol, escondeu-se em uma caverna após uma briga com seu irmão Susanoo, trazendo a escuridão ao mundo. Ame-no-Uzume, a Kami da Alegria e da Dança, conduziu o restante dos Kamis em uma dança animada e festiva, despertando a curiosidade de Amaterasu, que finalmente deixou o seu esconderijo, devolvendo a luz do sol. O ritual Kagura é, então, derivado deste mítico acontecimento.

Estas danças no palácio imperial eram chamadas mikagura (em japonês 御神楽), por oposição às satokagura (em japonês 里神楽), versões populares da kagura que se realizavam fora do palácio.

Nos Santuários Xinto, a kagura realiza-se habitualmente ao ar livre, num palco que é por vezes coberto, de forma quadrada e com varandins, conhecido como Hirabutai.

Alguns tipos de Kagura:

- Miko Kagura: várias mulheres (Miko) dançam com leques e sinos, representando os antigos rituais em se considerava que as miko eram possuídas pelo kami e falavam em seu nome, actuando como oráculos.
- Izumo-ryu kagura (kagura estilo Izumo): tratam-se representações de mitos e lendas sagradas, utilizando máscaras, tal como no Teatro Noh. É muito comum na região de Chugoku e no Japão Ocidental.
- Ise-ryū kagura (kagura estilo Ise): Representa um ritual de purificação através da água a ferver (yudate). Daí que também é conhecida por yudate kagura. Está ligada aos rituais dos santuários exteriores do grande Santuário Ise.
- Shishi kagura (ou kagura do leão): vários bailarinos utilizam uma máscara de leão, que se considera como sendo o corpo sagrado do kami (Shintai).

Outros tipos de Kagura também importam no uso de máscaras – que precederam o teatro Noh – e podem ser realizados tanto por homens quanto por mulheres.