Há mais de mil anos uma aldeia chamada Kamiide, foi tomada por um surto de varíola. Todos os dias, havia lamentações pela perda de entes queridos. E a mãe de um jovem aldeão chamado Yosoji também caiu doente, trazendo-lhe grande preocupação. Então, o moço procurou um mago de nome Kamo no Yamakiko em busca de cura.
O mago disse a Yosoji que procurasse um riacho a sudoeste do Monte Fuji.
– Na nascente desse riacho, existe um santuário dedicado a Okinaga Sukuneo, o deus da Longevidade. Tome dessa água e leve-a para sua mãe beber.
Depois de uma árdua e demorada caminhada, chegou a um ponto onde a trilha se dividia em três rumos a tomar. Enquanto tentava decidir em qual direção deveria seguir, apareceu por lá uma belíssima jovem vestida de branco, que disse:
– Sei que você é um filho dedicado. Siga-me, que levarei você até a nascente do riacho.
Os dois penetraram na floresta e andaram durante muito tempo. Finalmente, chegaram a um Torii (portal sagrado) próximo de uma rocha de onde jorrava um fio de água. Essa fonte era o santuário natural dedicado ao deus da Longevidade.
– Beba a água e encha a cuia para levar para sua mãe – disse a linda jovem.
Depois, ela acompanhou Yosoji até o ponto onde se encontraram e recomendou:
– Estarei lhe esperando daqui a três dias, pois você vai precisar de mais goles desta água para sua mãe.
Depois de cinco visitas ao santuário Yosoji estava muito feliz, porque sua mãe havia melhorado e também os vizinhos a quem ele distribuiu a água. Quando contou a sua mãe todo o ocorrido, ela lhe disse que gostaria de saber o nome de tão bondosa criatura.
Os aldeões agradecidos reverenciaram Yosoji por sua braveza, porém ele sabia que quem deveria ser reverenciada era a moça que o ajudou e decidiu fazer uma nova visita para agradecer por todo o auxilio.Ao chegar no local, viu, surpreso, que a fonte havia secado. Sentiu uma grande tristeza e, ajoelhado, rezou pedindo ao deus da Longevidade que lhe proporcionasse um encontro com aquela jovem, pois queria agradecer por tudo que ela havia feito por sua mãe e pelos aldeões. Quando se levantou, viu que a moça estava em sua frente.
– Você não devia ter vindo aqui. Sua mãe e os aldeões estão curados, portanto não há razão para você vir até aqui.
– Eu vim porque ainda não lhe agradeci suficientemente Yosoji agradeceu em seu nome e de toda aldeia pela ajuda que ela havia prestado. Em seguida, expressando um desejo de sua mãe, perguntou o nome dela.
– Meu nome pouco importa. E o que fiz dispensa agradecimentos. Eu guiei você até a fonte porque o deus da Longevidade me pediu. Disse-me ele que seu amor de filho é algo tão admirável que merecia ajuda. De sorte, você ajudou toda a aldeia, tanto que a fonte chegou a secar. Mas ela voltará a verter águas sagradas quando o povo necessitar novamente de ajuda e surgir outra alma bondosa como a sua querendo auxiliar seus semelhantes.
Sem dizer seu nome, mas sempre com um sorriso amável, a bela jovem de branco sacudiu um ramo de camélias. Em resposta ao aceno florido, desceu uma pequena nuvem do Monte Fuji. A nuvem carregando a jovem, transportou-a em direção do monte sagrado. Vendo-a ir, Yosojo entendeu que seu guia havia sido ninguém menos que Sengen-sama, a deusa do Monte Fuji. Então, caiu de joelhos e ficou claro porque toda a aldeia havia recebido uma grande graça. A deusa, como lembrança, atirou lá do alto o galho de camélias floridas.
Yosoji apanhou o galho e plantou-o com carinho. Em pouco tempo, a planta transformou-se em uma grande árvore e, perto dela, foi erguido um santuário. O povo passou a adorar a árvore e dizem que o chá das folhas desse pé de camélia é, ainda nos dias de hoje, um santo remédio para muitos males.